HOMILIA
QUARTA-FEIRA DE CINZAS
QUARTA-FEIRA DE CINZAS
1. Um tempo de graça e conversão
Irmãos e irmãs, hoje damos início à Quaresma, um tempo de grande significado para nossa fé. Durante os próximos 40 dias, a Igreja nos convida a um caminho de conversão, a um retorno sincero para Deus. Este não é apenas um período de preparação para a Páscoa, mas uma oportunidade para reavaliarmos nossa vida, nossos propósitos e a direção do nosso coração.  
O gesto das cinzas que hoje recebemos é profundamente simbólico. Ele nos lembra de nossa fragilidade, de nossa condição humana limitada. Somos pó, e ao pó retornaremos. Mas essa verdade não deve nos desanimar, e sim nos despertar para aquilo que realmente importa. Nossa vida não se sustenta apenas em bens, aparências ou conquistas terrenas; ela encontra seu verdadeiro sentido em Deus.  
A Quaresma nos chama a uma mudança interior, a um tempo de graça e renovação. Deus nos concede essa oportunidade de revisitar nossa fé, de nos reconciliarmos com Ele e de aprofundarmos nossa relação com os irmãos. Não é um tempo triste, mas um tempo de esperança, onde somos convidados a crescer espiritualmente e a abrir nosso coração para a obra que Deus deseja realizar em nós.
2. O Evangelho e o perigo das aparências
O Evangelho de hoje nos traz palavras diretas de Jesus sobre como devemos viver nossa fé. Ele nos adverte contra o perigo de transformar nossas práticas em algo superficial, feito apenas para sermos vistos e reconhecidos pelos outros. Isso vale para a esmola, a oração e o jejum, três atitudes fundamentais da Quaresma, mas que perdem o sentido quando são realizadas por vaidade ou interesse.  
Jesus nos ensina que a esmola deve ser um gesto discreto, movido pelo amor e não pelo desejo de reconhecimento. A oração não deve ser uma exibição pública, mas um encontro sincero com Deus, no segredo do coração. E o jejum não pode ser vivido com tristeza ou ostentação, mas como uma forma de crescer na dependência de Deus e na solidariedade com os que sofrem.  
O que Jesus nos pede é uma fé autêntica, sem máscaras. Ele vê o coração e conhece as intenções mais profundas de cada um de nós. é um tempo para nos questionarmos: vivemos a nossa fé para agradar a Deus ou para buscar a aprovação dos outros? 
A conversão verdadeira acontece quando deixamos de nos preocupar com a aparência e passamos a buscar aquilo que realmente nos aproxima de Deus. 
3. Um caminho para o coração de Deus
Irmãos e irmãs, a Quaresma é um caminho. Mas não qualquer caminho, e sim um que nos leva ao coração de Deus. E como se caminha para Deus? Não com pressa, não com distrações, mas com um coração sincero e disposto a mudar.  
Muitas vezes, corremos o risco de fazer tudo no automático. Rezamos, jejuamos, damos esmola, mas sem que isso realmente toque nosso coração. É como se estivéssemos seguindo uma lista de tarefas. Mas Deus não quer gestos vazios, Ele quer um encontro verdadeiro. A oração não pode ser uma repetição mecânica de palavras, mas um diálogo vivo com o Pai. O jejum não pode ser apenas uma dieta religiosa, mas um exercício para nos libertarmos do que nos prende. A esmola não pode ser um favor que fazemos a alguém, mas um ato de amor genuíno.  
Jesus nos alerta contra a hipocrisia, contra a fé de aparência. E esse é um convite forte para nós hoje. Se esse tempo nos chama à conversão, isso significa que algo precisa mudar. E mudar nem sempre é fácil. Requer coragem para olhar para dentro, para enxergar aquilo que precisa ser transformado, para abandonar hábitos que nos afastam de Deus e dos irmãos.  
Mas não estamos sozinhos neste caminho. Deus caminha conosco. Ele nos espera de braços abertos, pronto para nos renovar, para nos dar um coração novo. Não deixemos este tempo passar sem que algo em nós seja transformado. Vamos fazer desta Quaresma um verdadeiro retorno ao essencial, ao que realmente importa: amar a Deus e ao próximo com sinceridade e verdade.  
E assim, chegaremos à Páscoa não apenas para celebrar um evento, mas para viver uma vida nova.  
Amém.

 
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