DOM VINÍCIUS LUCAS
POR MERCÊ DE DEUS E DA SANTA SÉ APOSTÓLICA
BISPO TITULAR DE ACUFIDA
BISPO AUXILIAR PARA A ARQUIDIOCESE PRIMAZ DE SÃO JOÃO DEL CREEPER

HOMILIA – Missa de Ordenação Diaconal de Quatro Seminaristas

Sábado da Quarta Semana da Páscoa – Mt 9, 35-38

Queridos padres, diáconos...
amados filhos que hoje sereis ordenados diáconos:

Com imensa alegria nos reunimos nesta celebração solene, para conferir o primeiro grau do sacramento da Ordem a estes quatro nossos irmãos. A Igreja se alegra, a Arquidiocese Primaz São João rejubila-se, se une à nossa assembleia para louvar a Deus por tão grande dom.

Hoje, o Evangelho nos traz uma frase que ressoa como um grito do coração de Cristo:
“A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos” (Mt 9,37).

Estas palavras de Jesus são, ao mesmo tempo, um constatador realista e um clamor profético. Jesus olha para a multidão com os olhos do pastor e do semeador. Vê a colheita amadurecida, vê os corações abertos, mas sente a ausência de mãos dispostas a servir. E por isso, Ele diz: “Pedi ao Senhor da messe que envie operários” (v.38).

Queridos filhos, hoje vós sois esses operários que o Senhor está enviando à sua messe.

Vosso chamado nasceu no coração de Cristo, e hoje encontra resposta solene por meio da Igreja, que vos impõe as mãos e vos envia. O povo de Deus precisa de vós. Não apenas para “fazer coisas”, mas para ser sinal da presença de Jesus entre as ovelhas cansadas, dispersas e feridas. A messe é grande! E agora, pela graça do Espírito Santo, vós vos tornareis trabalhadores dessa messe.

O Evangelho diz ainda que Jesus “encheu-se de compaixão” ao ver as multidões (v. 36). Eis o segredo da vocação: ela nasce da compaixão. Não da estratégia, nem da gestão, mas do coração ferido de amor. O diaconato que hoje recebeis tem uma única lógica: fazer-se servo por compaixão. É por isso que fostes chamados. A vossa vida deve tornar-se resposta concreta a este clamor: “Senhor, a messe é grande! Envia trabalhadores!”. E vós respondestes: “Eis-me aqui, envia-me!”

Como ministros da Palavra, sede homens que anunciam com clareza, humildade e testemunho. A Palavra não se impõe; ela se encarna. E não será fecunda nos lábios de quem não a traz primeiro no coração. Lede, meditai, pregai! O povo precisa ouvir a voz de Deus na vossa voz.

No altar, sede pontes. Com gestos discretos, silenciosos e reverentes, conduzi o povo ao mistério. A liturgia será vossa mestra de humildade, de interioridade, de pertença à Igreja.

Mesmo sendo transitório, o diaconato é permanente no vosso ser. Nunca deixeis de ser servos. O sacerdote que não conserva o coração diaconal se torna distante, rígido, e perigoso. O nosso apostolado já viu o que acontece quando o clérigo se afasta da humildade. Por isso, tomai hoje o “caminho do último lugar”, e jamais saíais dele.

Queridos filhos, o Senhor vos envia como operários. Não para dominar a messe, mas para servi-la. Não para vos destacardes, mas para vos misturardes com seus irmãos. Lembrai-vos que a colheita é do Senhor, não vossa. Vosso papel é cultivar, regar, cuidar, e deixar Deus agir.

Consagro-vos à Virgem Maria, Nossa Senhora do Pilar, padroeira da nossa Arquidiocese. Ela é a mulher do “sim” silencioso e eficaz. Sob o pilar da fé, ela sustentou os apóstolos no início da missão. Sob o pilar da fidelidade, sustentará também o vosso ministério.

E junto dela, São João, nosso patrono, vos ensine a dizer: “É necessário que Ele cresça e que eu diminua”. Que vos inspire a anunciar com coragem: “Eis o Cordeiro de Deus”.

A messe é grande! Mas o Senhor, rico em misericórdia, não deixa faltar operários. E hoje, em nome da Igreja, com alegria e tremor, envio-vos à messe do Senhor. Não desanimeis. Servi com alegria. E quando vos sentirdes cansados, lembrai-vos: o Senhor foi o primeiro trabalhador, o primeiro servo, o primeiro diácono.

E Ele caminha convosco.